Guaporé... 100% Automobilismo!!!

Finalmente, o post de Guaporé! :P

Apesar de estar meio desanimado e decepcionado por ter perdido um texto grande e legal, vou me esforçar pra fazer um igualmente grande e rico em detalhes! A dificuldade não relembrar (isso é fácil!), mas sim vencer a preguiça (por saber que já tinha escrito tudo o que eu queria) e a indignação (por saber que agora eu não tenho mais nada). Mas tudo bem, vamos lá!

O final de semana passado em Guaporé foi realmente perfeito! E com certeza está entre um dos melhores que já tive. Geralmente não gosto de dizer coisas como “fim de semana perfeito”, “o melhor que já tive”, “impossível ser melhor”, etc. Não gosto porque, primeiro, sempre acho que, ao longo da minha vida, ainda existirão coisas melhores e segundo porque geralmente eu não sinto como se fosse o melhor de tudo e etc. Mas dessa vez, eu posso dizer! Busquei minhas melhores lembranças, comparei e concluí que este fim de semana em Guaporé me trouxe uma alegria, um sentimento bom, aquela sensação que não sabemos explicar, mas que nos deixa assim, meio bobo de tão feliz.

Para tentar explicar o momento vivido e o sentimento experimentado, farei referência a duas pessoas: Rodolfo (meu amigo carioca lá do trabalho e também integrante do “Cube Fortaleza” – já falei! Vou comentar sobre o “Cube Fortaleza” em outro post) e meu pai (uma “peça-rara” – quem conhece sabe que é a mais pura verdade – que foi uma das principais influências que tive nessa minha paixão pelo automobilismo).
Bem, pra explicar o momento vivido, pegarei termos emprestados do Rodolfo e imitando também o seu sotaque carregado: Guaporé foi uma “eshpetáculo”!!! Que “sucieeesso” hein?!
É sério... gostei MUITO!
Para explicar o sentimento experimentado, me lembrei do meu pai comentando comigo sobre o livro do Piquet, no qual ele (meu pai) sempre faz questão de me contar essa passagem do livro onde o Piquet conta sobre a sua vida e etc. Mas é sério, meu pai realmente faz questão! Ele sempre pega o livro (mesmo que você já tenha lido!!!) e procura, procura e mostra: “Aqui, lê aqui!!!”. Hehehehehe... E nesse momento o que o Piquet fala, realmente traduz o que senti naquele fim de semana: “Bom Demais!!!”

Foi mais ou menos nesse horário, há, exatos, 7 dias atrás, que eu chegava em Guaporé, todo “faceiro” como dizem por aqui no Rio Grande do Sul (para quem é de fora: faceiro = feliz, contente, sorridente). Ou seja, sábado, às três e pouco da tarde, eu iniciava uma “maratona” que só iria terminar nos últimos minutos do domingo (cheguei em casa quase meia noite de domingo). E é por esse motivo que o título do post é “Guaporé... 100% Automobilismo!!!” pois eu fiquei o tempo todo no autódromo! Não saí nenhum momento, e por dois dias só respirei automobilismo, nada mais!!! :D

Agora sim, vamos aos acontecimentos:

A história começa um pouquinho antes, quando combinei para subir de carona com o Zé, pai do Dudu. *** E sei que nesse momento vocês se perguntam: “Mas que Dudu?” e eu respoderia: O Dudu (!!!), que trabalha no meu carro na TRC (categoria que eu corro).*** Pois então, liguei para o Zé na sexta feira pra saber se eles iriam naquela noite. E ele me disse que ainda estavam montando um Fórmula 1.6 para levar e que por isso só iriam sair de lá no sábado pela manhã. E eu (imitando aquela propaganda do Novo Ford Fiesta em que a mulher concorda com tudo) respondi “Tá, Tudo Bem!”... hehehehe... E assim ficou marcado para às 7:15 da manhã de sábado.
Pra vocês entenderem um pouco da minha paixão por automobilismo: detesto acordar cedo, nem pro trabalho eu levanto tão cedo assim, mas pra ir assistir à uma corrida de carros, lá estava eu, às 7:20 lá na Av. Bento Gonçalves, com um sorriso de orelha a orelha e carregando uma mala de roupa, uma bolsa com macacão, luva e etc e mais a bolsa do capacete (sim, eu não iria correr, mas piloto que é piloto sempre anda com o equipamento em caso de surgir alguma oportunidade em cima da hora). E claro que eu me atrasei né! :( mas foi pouco!!! Quem me conhece sabe que eu nunca consigo chegar no horário combinado... humpf... humpf... humpf...
Tá, daí fomos até a oficina, para terminar de montar o Fórmula 1.6, carregar tudo e seguir viagem. E isso demorou mais ou menos umas 4 horas, o que significa que saímos antes do almoço, com o “valente” Corsinha 1.0 do Zé puxando a carreta com Fórmula atrás. E olha que ele não decepcionou na subida da serra... hehehehe...
Chegando em Guaporé foi só alegria... aquele clima de corridas pelo qual sou viciado!!! Gente passando, mecânicos trabalhando, pilotos discutindo o acerto e o comportamento do carro, carros de corrida pra todo lado =D , pneus, aquele cheiro de combustível, os motorhomes com churrasco, e barulho, principalmente o barulho dos motores acelerando forte (sinfonia para os meus ouvidos... hahaha).
Lá encontrei com o Marco Pinto e a equipe dele (Marco? Que Marco? ...... Tá bom, eu explico: O Marco Pinto é o preparador do meu carro na TRC, e ele estava em Guaporé pois ia correr em uma outra categoria chamada “Marcas e Pilotos”). Cumprimentei o pessoal e logo já foi aquela festa, brincadeiras, muitas risadas, piadinhas e etc. Fiquei no box, que é o meu segundo lugar preferido, até de noite. Claro que o lugar onde mais gosto de estar é DENTRO de um carro de corridas, mas como estou em período de “vacas magras” (=grana curta) fiquei nos boxes mesmo, ajudando no que fosse preciso... e, lógico, rindo e me divertindo pra caramba!
À noite, me dividi entre ficar um pouco com o pessoal dos Fórmulas (a turma do pessoal que me deu carona) e com a equipe do Marco (que também é a minha equipe na TRC). Tradicionalmente como bons gaúchos, o pessoal fez churrasco! Aliás, só mesmo no RS pra construírem não só os boxes para os carros, mas também churrasqueiras para um bom churrasco! Hahahahaha... E novamente fui tomado por uma sensação de felicidade e alegria poucas vezes sentidas na vida... :P
Me isolei um pouco do pessoal e fiquei sozinho, quieto, observando os pequenos detalhes... o frio no autódromo, a noite, as luzes dos boxes acessas, as equipes revisando os carros, as conversas, as risadas, a alegria, o churrasco, as “rodinhas”de conversa, entre outras coisas... e me senti feliz por estar ali, participando daqueles momentos... momentos estes semelhantes aos que vivi na minha época de kart, quando ao terminar os treinos de sábado, eu ia pra casa tomar banho e voltava de noite pra pista, pra ver o pessoal revisando os karts, comendo alguma coisa e também pra saber se estava tudo certo pra corrida no outro dia, se estavam precisando de algo e etc.
Pois é, naquela noite comi bastante (como sempre né?), bebi uns copinhos de vinho pra espantar o frio, fiquei com a equipe do Marco até eles terminarem de revisar o carro e irem pro hotel descansar. Daí voltei pra turma dos Fórmulas, onde comi mais churrasco, já tava entupido de tanto pão com salsichão (aqui eles chamam aquela lingüiça de grosso calibre, de salsichão), tomei tanto vinho que já nem tava mais sentindo o “frio dos diabos” que tava lá... Bah! Mas que se dane... num ia correr no outro dia mesmo! :P
E conversamos bastante, até que em uma dessas conversas, lá pelas tantas da noite (acho que eram umas onze da noite) o Zé vira pra mim e fala: “Alex, tem um velho que trouxe um Fórmula 1.6 e num tá muito afim de correr... Você num quer correr no lugar dele? Você tá com seu equipamento aí né?”

E foi aí que eu vi “voltar à tona” aquele piloto dedicado que eu achava que eu era!!! Aceitei na hora e instantes depois minha cabeça já estava à mil (!!!): Eu já estava preocupado em comer algum doce pra “cortar” o efeito do vinho, já tava preocupado em dormir mais cedo, já queria saber a relação de marchas que o carro usava, queria entrar no carro pra ver se tava tudo OK, se eu ia ficar confortável, que horas seria a corrida no outro dia, quantos carros iriam correr, quanto “vira” o mais rápido da categoria, quem é e etc... E isso tudo no início da madrugada de domingo!!! Hehehehe... E fui cuidar dos detalhes, tiramos a capa de cima do Fórmula, tirei volante, entrei, me acomodei, coloquei o volante de volta, pedi explicações sobre o câmbio, sobre a pista e etc (“pequeno” detalhe: nunca andei de Fórmula, dei pouquíssimas 6 voltas no circuito de Guaporé com um Corsa e ainda por cima no Domingo já entraria direto pra corrida, sem treino sem nada! Loucura? Um pouco... mas que nada, já fiz coisa pior! Hehehe...)
Tá, estava tudo indo bem, quando identificamos um problema na caixa de câmbio (só entravam as marchas ímpares (1ª e 3ª) e ré. A 2ª e a 4ª não estavam engatando... Como já era madrugada, resolvemos ir dormir e avaliar se ia dar no outro dia...
Fui dormir no baú de um caminhão, com um fino colchão (aliás, acho que aquilo era mais uma folha de espuma do que um colchão propriamente dito) e 2 cobertores que usei pra forrar o colchão, afinal não estava com frio por causa do vinho. :P Nunca tinha dormido num caminhão, mas pra mim não fazia a menor diferença, pois estava curtindo tudo. E assim deitei pra descansar... De madrugada, cansado de dormir de barriga pra cima, improvisei um travesseiro colocando debaixo do colchão os meus tênis, o que fez um ressalto suficiente para que eu conseguisse me deitar de lado. :D
Mais tarde, quase de manhã, o “diabo” do baú estava um frio “dos demônios” lá dentro, isso porque o baú era de alumínio e àquela altura até o chão onde eu tava já estava gelado. E foi aí que me lembrei de quando eu era pequeno e dormíamos no sítio do meu tio lá em Minas Gerais. De noite fazia tanto frio, mas tanto frio, que eu geralmente dormia a noite toda, na mesma posição, pois qualquer centímetro pro lado ou em uma posição diferente estava tudo gelado. Lembra daquelas coisas de filme quando o pessoal marca no chão com tinta branca a posição que alguém foi assassinado? Pois é... eu imaginava aquele formato, só que em forma de calor, ou seja, naquela posição do bonequinho branco, tava quentinho, o resto tava toooodo frio... hehehehe... Continuando, peguei um cobertor, enrolei na cintura e nos pés (porque eu num consigo dormir com o pé gelado), coloquei meu capuz, botei as mãos pra dentro do moleton e dormi até umas oito e meia da manhã.

Acordei com o melhor barulho de despertador do mundo: o ronco dos motores!!! Aliás, acho que se todo dia eu acordar com um barulho de motor de carro de corrida, eu nunca vou ficar de mau humor, mesmo que seja às 5 da manhã!!!
Levantei, lavei o rosto, escovei os dentes, e já fui direto pro Box, acompanhei o pessoal inspecionar o problema do Fórmula e conversar com o velho sobre o fato de eu correr no lugar dele... mas infelizmente não foi dessa vez... buá, buá, buá.... primeiro porque o velho ficou meio “pé atrás” comigo (deu uma desculpa de tipo, não me leve a mal, a gente num se conhece direito e tal) e segundo porque o problema da caixa era um pouco mais grave do que se pensava...
Assim, voltei para o Box da equipe do Marco e fiquei por lá... tomamos chimarrão, comemos mais uns pãezinhos, comi pizza que eles trouxeram pra mim... (disseram que tinham levado na noite anterior, mas que não sabiam em que caminhão eu tava, daí guardaram pro outro dia...). Ajudei o Marco no que pude: encerei o carro... hehehehe, ajudei a abastecer, corri pra um lado e pro outro, trouxe ferramentas, ajudei no alinhamento do carro e depois voltei pro muro dos boxes pra assistir à corrida.
Resumindo, eles largaram em segundo lugar no grid (porque tiveram um probleminha na tomada de tempo que prejudicou um pouco), mas fizeram uma boa corrida e ganharam a etapa! (Festa no Box!!!)
A corrida foi marcada por um sério acidente logo na largada. A batida aconteceu no ponto exato onde eu estava... eu tava filmando a largada, mas quando vi que ia bater, corri pra me proteger, e por isso acabei filmando chão pra caramba! (Mas pelo menos eu tow aqui né? Escrevendo pra caramba! :P) O acidente foi feio, envolveu 4 carros, mas felizmente ninguém se feriu seriamente, acho que só um piloto que cortou a perna ou algo assim, mas nada grave... Agora os carros... putz... destruídos! PT!!! (PT = Perda Total!)
Tá, a corrida dos Fórmulas foi legal também, a dos Fusquinhas também (com uma bela ultrapassagem dupla, por fora no final da reta... muito empolgante!).
Depois da corrida e do pódio, carregamos tudo, e partimos todos felizes pra casa... Dessa vez, voltei de carona com o Marco, mas combinamos de encontrar o Zé e a turma num restaurante na estrada para jantarmos. Como sempre, foi muita diversão, muitas risadas, piadinhas e etc até o fim da viagem.
Cheguei em casa quase meia noite, tomei um banho pra dormir relaxado e deitei muito, mas muito feliz!!!

That’s it!

Alex R.

P.S.: Esse texto ficou tão bom quanto o outro! Claro que dessa vez eu fiz tudo no Word, salvando direitinho e tal, pra depois postar no blog.

O Fórmula 1.6 que eu "quase" andei!!! Eu achei ele muito bonitinho e bem conservado... hehehe

Alinhamento do grid para o "Marcas e Pilotos". O carro do Marco é o segundo no grid(o amarelo e vermelho à esquerda).
Carros na fila do abastecimento... um pouco antes da corrida... movimentação total.
Muito legal ficar "acampado" no autódromo, com direito a trailer, ônibus e muito churrasco.
Visão geral do autódromo: pit lane à esquerda e área de box à direita